Vouzela abraçou um fim-de-semana em alta velocidade emocional


Vouzela abraçou um fim-de-semana em alta velocidade emocional

Em bancadas montadas para o efeito, andaimes, em cima de muros, varandas e terraços junto ao traçado, tudo serviu para ver a super-especial da Constálica Rallye Vouzela. Foram muitos os amantes do desporto motorizado que se concentram na vila que, durante este fim-de-semana, engalanou-se para a grande festa dos ralis.

Na prova do Gondomar Automóvel Sport, que comemorou três anos de pura adrenalina, as bancadas foram sendo improvisadas ao longo dos 1,6 quilómetros percorridos por duas vezes. Quase tudo serviu para estar perto da emoção mas longe do perigo. Naturalmente que a grande adesão de pessoas provocou alguns constrangimentos, sobretudo para quem chegou ao traçado urbano mais tarde, mas os que optaram por abordar o traçado mais cedo ganharam um lugar privilegiado para sentir as emoções sem atropelos. Como já foi referido, o festim invadiu andaimes, árvores, muros ou, mais confortavelmente, varandas.

«Somos amantes dos ralis e, esta super-especial, com tantos pontos de espectáculo e na máxima segurança, só nos dá alento para regressar todos os anos. Como tivemos a sorte de vir mais cedo, deixando para mais tarde a “Vitela à Lafões”, ocupámos uma zona mesmo em cima de todas as ocorrências. Os ralis são para serem curtidos com a rapidez que se exige», disse, radiante, Jorge Simões, de Viseu.

«Este ano houve um incentivo especial com a participação de Vítor Pascoal, aos comandos de um Porsche 997 GT3 RS 3.6, mas um pião acabou por ditar algum atraso, mas o piloto, atendendo à sua experiência, vai recuperar o tempo perdido», aludiu, por seu turno, Marta Simões, também ela proveniente da cidade viseense.

Sérgio Gonçalves, de Vagos, até nem gosta muito de ralis, mas veio a Vouzela “puxado” pelo espírito dos amigos, «sobretudo da minha namorada, que adora bastante os automóveis, motivada pela participação do vizinho Nuno Mateus, que anda num Peugeot 206 GTI».

«É verdade o que o Serginho está a dizer, mas com o tempo vai ser um entusiasta. Há muito tempo que acompanho as corridas, levada pelo meu pai, cabendo agora injectar o espírito ao Serginho, nem que para isso tenha de me chatear», confidenciou, com um sorriso desafiador Diana Santos.

Vouzela já se entranha na história dos ralis

Aos poucos e poucos, Vouzela já se entranha na história dos ralis e, os mais jovens, não perdem a oportunidade de discutir com os mais velhos e conhecedores desta disciplina automóvel pormenores e sabedorias.

«O Carlos Matos é o alvo a abater. O facto de ser de cá dá-lhe natural primazia para imprimir outro andamento, o que é bom para a prova, mas o rali tem outros pilotos destemidos. É muito bom mesmo estar aqui. Há pessoas que não sabem o que é respirar “valvoline” e, os traçados urbanos permitem-nos entranhar o gosto pelos ralis», sustentou Tó Micas, proveniente de Arganil, «um verdadeiro fanático» por esta disciplina automóvel.

Miguel Matias veio de propósito de Coimbra para acompanhar o “piloto-espectáculo” Pedro Rosário que, ao volante de um Semog Bravo ER, fez atiçar ainda a espectacularidade do Constálica Rallye Vouzela.

«Estou impressionado com o mar de gente que despontou no centro de Vouzela. É impressionante apreciar todo o entusiasmo de milhares de pessoas. Estou rendido aos ralis e o Pedro Rosário veio com a missão de dar muito espectáculo», admitiu Miguel Matias.

Também Rodrigo Correia fez as delícias do público ao volante de um kart, mas o jovem piloto, de apenas 12 anos, foi traído pelo motor quando descia a alta velocidade em direcção à Central de Camionagem de Vouzela. Um contratempo que, no entanto, não retirou o brilho de uma prestação vertiginosa.

Servido o aperitivo nocturno de piloto e máquinas, o “Rallye Party Night” ficou a cargo de Quim Barreiros, um cantor popular que toca acordeão e conhecido pelas suas letras de duplo sentido. “Eu Faço 69”  e muitos outros de musica portuguesa.

O cantor minhoto de Vila Praia de Âncora é um verdadeiro ícone musical e presença obrigatória nas festas juvenis e estudantis. Face à sua faceta sempre jovial e refrescante, Quim Barreiros afirma que faz 69… anos. O nome do seu mais recente trabalho discográfico recheado de novas canções juntaram-se ao vasto palmarés de êxitos de uma longa e recheada carreira, tonificou os sentidos vizelenses para o dia seguinte do Constálica Rallye Vouzela.

O Gondomar Automóvel Sport não foi tão longe como Quim Barreiros, que “só fez 56 pilotos” para a partida do grande dia da prova que percorreu a região de Vouzela em pleno pulmão de Lafões.

Famílias reunidas na festa dos ralis no domingo à tarde

O domingo “acordou” quente e soalheiro e o “povoamento” nas especiais Senhora do Castelo/Constálica e Penoita/Plafesa ganhou vida a partir da hora do almoço. Luís Santos, de Oliveira de Frades, juntou uns amigos e fizeram-se à estrada para a emoldurar e acompanhar o espectáculo, garantindo «que é para aguentar durante toda a tarde de domingo».

Ao longo das provas especiais foram muitas as famílias que, precavidas com lancheiras e pequenas arcas frigoríficas, montaram o “estaminé” em local seguro e apreciaram a destreza dos pilotos.

Junto aos inícios e finais, bem como acessos, o público amontoou-se e, a espaços, cruzavam-se pela melhor poção de terreno para tirar uma selfie, envolvendo várias pessoas ou, simplesmente, para tirar com os pilotos, parados e em andamento.

«Adoro ver e de acelerar também», salientou Marco Carvalho, que aproveita «os ralis para fazer caminhadas, já que é o único desporto que me faz mover», referiu este jovem de Tondela. Ao seu lado, António Pascoal disse que o Constálica Rallye Vouzela «está em perfeitas condições para subir de degrau na hierarquia do campeonato», mas até acha que «assim está melhor».

Maria da Graça, namorada de Marco Carvalho, frisou que «gosta de ver passar os pilotos mais rápidos, embora ache muita piada ver todos aqueles que apresentam carros menos evoluídos mas que mostra a paixão de conduzir, fortificando que «os pilotos são a essência da festa do desporto motorizado».

Os lafonenses têm a lição estudada para ocuparem os melhores lugares para ver a prova, “arrastando” os visitantes para os locais convidativos. Todos, sem excepção, já se deixaram atrair pelo Constálica Rallye Vouzela, um ambiente que se respira pela paixão dos automóveis.

Se na estrada a febre de adrenalina fez subir os “termómetros”, o Gondomar Automóvel Sport fez deslocar para o terreno um forte contingente no sentido de adicionar o temperamento emocional adequado a público, pilotos navegadores e demais agentes ligados a este fenómeno desportivo, impondo as imperdíveis condições de segurança de fio a pavio.

No tereno, além das forças de segurança e bombeiros, foram “recrutados” 52 elementos do Gondomar Automóvel Sport, cinco do Clube Automóvel da Régua, cinco do Team Baia, um do Vouga Sport Clube e um do Automóvel Clube de Vila Real.